segunda-feira, 29 de junho de 2009

O que é educação???

Onde ela acontece???




Aprende-se a todo instante.
Educa-se e se é educado a todo momento.
O que falta às classes populares, é de fato, saber sistematizar seus conhecimentos para que os "intelectuais" reconheça-os, pois esses são os saberes socialmente úteis.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

uma leitura .... leitura da leitura?!

Dimensão estética



CONFISSÕES DE UMA VIÚVA MOÇA
Machado de Assis


Um livro que retrata muitos dos hábitos, costumes e conceitos de um Brasil colonial .
O mais incrível é que ainda hoje perduram alguns dos conceitos morais descritos pelo personagem narrador, conceitos esses que impedem muitas mulheres, e por que não dizer, muitos homens também, de serem felizes, de viverem, não conforme regras impostas por uma sociedade hipócrita como a nossa, e sim por “normas” ou acordos dialogados a dois em função da felicidade, com uma única diretriz imutável... QUE SEJA ETERNO,... E INTENSO... ENQUANTO DURE, todo e qualquer relacionamento.


“Confissões de uma viúva moça”, é um romance escrito em primeira pessoa onde o narrador personagem, Eugênia, escreve a uma amiga confessando-lhe um segredo que a tortura... Um “pecado”... Uma angústia...


Leiam, pode ser interessante descobrir que entre as “coisas” que a (o) impedem de ser feliz são os pré-conceitos criados para nos condicionar...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Tudo sobre minha mãe


Nome original: Todo sobre mi madre
Origem: Espanha
Ano: 1999
Direção e roteiro: Pedro Almodóvar
Elenco: Cecilia Roth, Marisa Paredes, Candela Pena, Antonia San Juan, Penélope
Cruz, Rosa María Sarda, Fernando Fernán Gómez, Toni Cantó e Eloy Azorín.




Um filme que pode ser utilizado como elemento fomentador dos mais variados debates, pois aborda temas complexos e atuais como homossexualismo, estética dos corpos, doenças como AIDS, preconceitos sexuais, papeis sociais entre outros.
O filme traz a história de Manoela,uma mulher que esconde do filho a identidade do pai e quando resolve contar-lhe toda a verdade ele morre.
Manoela é uma argentina que mora em Madrid e trabalha como coordenadora do centro de transplantes, fazendo a ligação entre os possíveis doadores e o Centro Nacional de Transplantes, mas uma fatalidade deixa-a do outro lado da situação, como mãe da vítima. Seu filho, Esteban, morre atropelado no dia do seu aniversário quando vai atrás de Huma Rojo, atriz que interpreta o personagem principal da peça “ Um bonde chamado desejo” para pedir-lhe um autógrafo. Manoela fica muito abalada e resolve deixar Madrid e voltar à Barcelona em busca do pai de Esteban, que também se chamava Esteban, antes de passar a chamar-se Lola, um travesti que quando estava em processo de desintoxicação, engravida a Irmã Rosa e também a contamina com o HIV. Através de Agrado, um travesti amigo de Lola, Manoela conhece Rosa e acaba cuidando dela e quando esta morre, cuida também do seu filho.
Como vemos, três personagens neste filme são contaminados pelo vírus HIV, um homossexual e usuário de drogas, um mulher heterossexual e um bebê. É assim que Almodóvar dialoga com o espectador sobre o perfil estigmatizado do portador do vírus HIV que comumente é figurado nos filmes do mesmo período em que “Tudo sobre minha mãe” foi lançado, 1999.
Os personagens de Almodóvar, longe de serem retratados como vítimas ou algozes, são colocados em sua forma humana, como seres que ao se depararem com uma situação limite re-aprender a viver, reestruturam sua vida. A cena onde Lola conta que voltou a sua aldeia descreve a busca pela reconstrução da identidade que os doentes enfrentam.
Muitos são os temas que podem ser discutidos através dos personagens de “Tudo sobre minha mãe”. Lola e Agrado trazem consigo temas como sexualidade, modelo de mãe e pai, machismo, mutações do corpo, identidade, autenticidade e muitos outros interligados a esses. A cena em que Agrado sobe ao palco para explicar à platéia que as atrizes não puderam comparecer ao espetáculo e se propõe a entreter a platéia contando sua vida é um dos trechos do filme rico para o debate sobre corpos e autenticidade. Sua fala final quando ela diz “Não devemos economizar, pois se é mais autêntica quanto mais se parece com o que sonhou para si mesma” carrega consigo um amplo leque de temas a serem discutidos.
Outro tema possível é a noção de transgressão da lei e marginalidade. A mãe de Rosa condena a filha por trazer para sua casa uma possível prostituta, mas ela própria falsifica quadros.
Como foi colocado anteriormente esse é um filme muito rico para fomentar os mais diversos debates e com certeza cada espectador encontrará um tema diferente a ser discutido a partir do filme.

quarta-feira, 25 de março de 2009

PERDA DA AOREOLA

«Eia! quê! tu aqui, meu caro? Tu, num lugar reles! tu, o bebedor de quintas-essências! tu, o saboreador da ambrósia! Na verdade, há nisto qualquer coisa que me surpreende.— Meu caro, conheces o meu pavor dos cavalos e das viaturas. Há pouco, ao atravessar o boulevard a toda a pressa, e ao saltar na lama através desse caos movimentado onde a morte avança a galope de todos os lados ao mesmo tempo, a minha auréola, num movimento brusco, caiu-me da cabeça no lodo do macadame. Não tive coragem para a apanhar. Julguei menos desagradável perder as minhas insígnias do que partir os ossos. E depois, disse comigo mesmo, há males que vêm por bem. Agora posso passear incógnito, fazer más acções, e entregar-me à crápula, como os simples mortais. E eis-me aqui, semelhante a ti, como vês!— Devias ao menos mandar anunciar essa auréola, ou fazê-la reclamar pelo comissário.— Por coisa alguma! Acho-me bem aqui. Só tu me reconheceste. Para mais, a dignidade aborrece-me. E também penso com satisfação que algum poetastro a vai apanhar e cobrir-se com ela impudentemente. Fazer alguém feliz, que alegria! e sobretudo um feliz que me fará rir! Ora pensa em X ou em Z! como será divertido!»Charles Baudelaire, in O Spleen de Paris (Pequenos Poemas em Prosa), trad. António Pinheiro Guimarães, pp. 131-132, Relógio D’Água, 1991.



ACHEI ESSE POEMA MARAVILHOSO!
Talvez tenha extrapolado um pouco, mas... vejo nas palavras do proeta não a perda da identidade de poeta como dito em sala, mas a renúncia do autor em "seguir as regras que caracterizam a elite burgusa", pois um poeta não deixa de ser poeta ainda que deixe de escrever poemas.
Ainda que tenha passado a frequentar lugares " reles" ele está achando maravilhoso essa liberdade de fazer o que quiser sem que o identifiquem, como comentado pelo professor, é comum pessoas de determinadas classes sociais que se tornam públicas sentir prazer em poder fazer "coisas" que nós "simples mortais" fazemos.

contextualizando, em atividade recente do ACC de educação popular pudemos vivenciar um pouco desse prazer que o autor fala, vimos alunos sentindo-se em um parquer de diversões ao ir à roça, virar massa de cimento, tomar banho de rio... coisas que para os moradores dos assentamentos é absolutamente corriqueiras...

fica difícil para nós saber exatamente qual a sensação de passar a ser anônimo, já que já o somos, mas deve ter sido muito bom para o autor a ponto de ele escrever um poema de forma simples mas de uma enorme profundidade.

acredito que possamos encaixar aí também o motivo de Benjamin gostar dos poemas de Baudelaire.